DETALHES DO LIVRO

Primeira edição: 2019
ISBN: 978-65-80344-00-0
Número de páginas: 300
Dimensões: 16 x 23 x 1.8 cm
Peso: 470g

As bestas dentro de nós

Daniel B. Portugal
2019

TEXTO DA QUARTA CAPA

É comum darmos sentido ao que somos e ao que acontece conosco concebendo instâncias problemáticas, corrompidas ou más agindo dentro de nós — o ego, a carne, a depressão etc. Evocamos tais instâncias para explicar nossos sofrimentos, fracassos e angústias; e as imaginamos como bestas que nos ameaçam em nossa própria interioridade. Este livro traça um panorama genealógico dessas bestas, mostrando como elas transitam das produções teóricas ao senso comum, e passam a pautar nosso entendimento do que somos e do que é bom — ou mau — para nós.

 

TEXTO DA ORELHA 

O poeta grego Píndaro, conhecido pela máxima “torna-te quem tu és”, dizia também que “o humano é o sonho de uma sombra”. As bestas dentro de nós é uma história contada por Daniel B. Portugal sobre as sombras por nós sonhadas. Nela, o autor não apenas arrola representações bestiais ao longo da história, mas também constrói um panorama da produção da verdade acerca do que somos. Pois o que somos depende daquilo que evitamos ser: pecadores, aberrações, iludidos etc. O que somos é o resultado do esforço de evitar as bestas. 

O que se encontra na base das reflexões deste livro é uma prerrogativa nietzscheana: a de que a verdade é um produto de forças em tensão. Daí a importância que o autor atribui, e não cansa de assinalar, à noção de valor. Os valores não têm uma existência em si, mas é por meio deles que damos sentido à nossa existência. A relação conosco mesmos é também uma relação com certos valores e saberes através dos quais nos constituímos como agentes morais. É nesse sentido que devemos interpretar a ideia de “bestas dentro de nós”. Não somos por elas determinados, mas a posição que assumimos perante elas nos particulariza.

Este livro delineia uma genealogia (uma ontologia histórica do presente, no léxico foucaultiano) dos modos bestiológicos de constituição de nossa subjetividade. De teor crítico, essa reflexão considera que a subjetividade pura é uma quimera, e que lutar contra a ilusão é também uma forma de ilusão. Ao final não são oferecidas alternativas nem soluções; mas sim um método para analisar algumas tensões valorativas que perfazem nossa cultura e, ainda, uma proposta ética para lidarmos ativamente com as bestas que atuam em nós.

— Marcos N. Beccari 

 

SOBRE O AUTOR 

Daniel B. Portugal é doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ, professor da UERJ e um dos coordenadores do site, revista e podcast Não Obstante. Autor de artigos diversos nas áreas de comunicação, filosofia, psicologia e design. Dedica-se a uma investigação transdisciplinar dos valores morais.